terça-feira, 18 de março de 2014

Não tolero intolerância...

Ontem me deparei com uma postagem do humorista Fábio Porchat no Facebook, em que uma imagem trazia a seguinte mensagem:

"Você aprendeu na escola sobre respeitar os índios? SIM!?! Virou índio? Não? ... Então porque diabos acha que ensinar a seu filho a respeitar gays o fará se tornar um homossexual."

Obviamente a comparação soa um tanto absurda, mas ela é bem plausível (principalmente para aqueles que, como eu, crêem que a homossexualidade não é uma característica adquirida, mas sim inata, tanto quanto sua etnia), afinal, nenhum europeu pode decidir aos 5 ou 10 anos se tornar asiático, assim como uma pessoa que nasce homossexual não tem a opção de ser heterossexual; e para ser ainda mais "comparável", nossos antepassados "domesticaram" os índios, dando-lhes educação e comportamento inerente aos europeus, tanto quanto nossa sociedade atual força homossexuais a se comportarem como heterossexuais para serem aceitos e tratados com respeito e dignidade.

Indo além da postagem em sí, os comentários me trouxeram um certo desconforto, pois muitas pessoas se colocaram contra os direitos dos homossexuais, afirmando que a mídia quer tornar a homossexualidade uma moda, que Deus disse que isso é errado, que a família é homem e mulher, que os gays querem ter mais direitos que outros cidadãos. Ora, se a luta dos homossexuais é por direitos idênticos aos casais heterossexuais, como se pode afirmar que eles querem mais direitos do que os outros? Ou, o que me causa ainda mais espanto, muitos diziam que respeitam mas não aceitam o comportamento homossexual. Quem sou eu, quem é você, quem somos nós para acharmos que temos algum direito ou incumbência garantidos por alguém (Deus?!) para que precisemos aceitar a sexualidade de outrém para que esta seja legítima? O indivíduo deve ter o direito de se relacionar com quem tiver vontade e por quem sentir desejo (claro que consensualmente, mediante reciprocidade e com respeito à integridade física e moral do parceiro), pois o corpo é dele, assim como o corpo do parceiro é do parceiro e tange somente a eles a intimidade que compartilham.

A mídia divulga amplamente e exibe protestos, traz à tona a discussão sobre as leis que regulamentam união estável entre homossexuais, a adoção de crianças por casais gays, o posicionamento intolerante de políticos de bases religiosas porque o assunto precisa ser discutido, visto que vivemos em uma sociedade democrática. Jornais e revistas trazem também diversas notícias que expressam o lado mais triste e cruel do preconceito, pois, frequentemente, pessoas são espancadas, torturadas e mortas por causa de sua sexualidade. Um comportamento que lembra as piores passagens da história humana, pois assim como no holocausto, onde a religião era o critério de seleção para a morte, hoje a sexualidade em muitos casos é a sentença de morte. Esse compromisso da mídia de divulgar esses absurdos e a luta daqueles que sofrem o preconceito não pode ser considerado uma tentativa de tornar moda a homossexualidade, mas sim um compromisso com um assunto atual e polêmico que precisa ser discutido, além de exibir essa violência contra as minorias que precisa ser contida.

Vi também pessoas criticarem aquilo que chamam de "kit gay", afirmando que ele pode incentivar a homossexualidade em crianças e adolescentes (eu tenho grandes dúvidas sobre a homossexualidade ser adquirida ou inata, mas tendo a acreditar que ela é, de fato, inata, porque não consigo encontrar a necessidade de incentivo para que alguém seja heterossexual e também pela expressão da mesma na natureza, onde diversas espécies demonstram comportamento homossexual). A meu ver, a ideia desse kit é divulgar, informar e demonstrar às crianças que o homossexualismo existe, é comum e todos, hetero ou homossexuais, devem ser tratados e respeitados da mesma forma, assim como mostrar também, que não é errado ser homossexual (ENTENDAM: ENSINAR QUE NÃO É ERRADO, NÃO SIGNIFICA ENSINAR QUE ESTA É A ÚNICA MANEIRA CORRETA DE SE VIVER A SEXUALIDADE). Acredito sim que muitas crianças possam ter problemas para compreender isso, mas serão aquelas crianças que tem pais fechados, antiquados, que não têm um diálogo aberto e franco com os filhos, que perdem chances valiosas de ensinar e orientar as crianças por causa da intolerância e de preconceitos tolos sem fundamentos.

O ponto crucial da questão é quando a religião entra no debate e as pessoas utilizam o discurso de que a bíblia diz que é imoral, que é pecado, ou quando dizem que Deus criou o homem e a mulher e que esta é a base da família e uma lei que permita o casamento gay vai contra os preceitos e a base familiar. Vamos começar por uma coisa básica: O Estado é (teoricamente) LAICO! Ou seja, não se deveria nem tomar como um argumento válido algo que se encontra em um livro de uma religião. Indo além, a suposta imoralidade e aversão divina ao homossexualismo não se demonstra na natureza, onde, como disse acima, diversas espécies animais tem comportamento homossexual. Quanto à reprodução, o mundo já está superlotado e diversas dessas famílias "como Deus quer" têm pais e mães drogados que estupram, torturam, espancam, humilham e matam seus filhos. Ora, se a família é "convencional" não interessa o tratamento que dão a seus filhos, mas fundamentalistas lutam para que gays não possam adotar crianças, porque afinal, um pretenso incentivo à homossexualidade certamente é muito mais grave que as atrocidades cometidas pelas famílias "normais". O mais grave é que quando você busca um diálogo para tentar modificar esse pensamento engessado, não existe outro argumento plausível para que a pessoa seja contra, apenas o fundamentalismo religioso, cego e descabido. É inconcebível pra mim que pessoas que se julgam inteligentes pautem em um livro com mais de dois mil anos o comportamento e os preceitos para nossa sociedade moderna. Quero deixar claro que creio em Deus e não desmereço a bíblia, mas a vejo como um livro, um maravilhoso livro, de onde podemos tirar boas lições e de onde devemos ter o discernimento de ignorar aquilo que não tem mais cabimento em nossa realidade.

Para evoluirmos como seres humanos, é fundamental que consigamos superar as diferenças de religiões, cor, sexualidade, classe social e qualquer outra, para que aprendamos e passemos a tratar o próximo como um semelhante, que tenhamos empatia para entender o sofrimento que causa a intolerância e o preconceito. Espero que um dia sejamos capazes de imitar os animais e possamos deixar de sermos brancos, negros, gays, héteros, judeus, cristãos, ricos, pobres e passemos a ser apenas humanos, como um peixe é apenas um peixe.

** Agradecimento especial à minha amiga Michele Silva pela colaboração com a revisão do texto.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Pura rebeldia...


Os protestos em Porto Alegre e a atuação da Brigada Militar

Até ontem eu queria acreditar que existia uma polícia cidadã, de bom senso, mas pelo que dizem pessoas que estão no meu facebook e eu não tenho motivo nenhum pra duvidar, a BM atacou as pessoas por se aproximarem do prédio da ZH, sem nenhum motivo aparente.

Isso varre minhas esperanças e a crença que eu tinha na Brigada Militar, sei que não são todos, mas pelo jeito a maioria se sente satisfeita servindo à escória do governo e das mídias, agredindo o povo que lhes paga o salário. 

Me causa espanto e repúdio, saber que em um estado que sempre teve orgulho de ser educado e politizado, a instituição que deveria garantir a segurança do povo, além de não cumprir com a tarefa (até ai se compreende pela falta de estrutura e verba), faz questão de fazer o contrário, agredindo o povo, sendo truculentos sempre que possível (não só nos protestos, mas na maior parte das situações de aglomeração que exigem a presença da BM para "controle" [leia-se repressão]), ao contrário de policiais de muitos outros lugares que julgávamos menos educados ou politizados que o povo gaúcho, que dão exemplo ao escolher não agredir, ao escolher participar junto, demonstrar apoio e solidariedade.


Falta ao nosso povo entender que nós somos os governantes, o país é feito por todos nós, aqueles que ocupam cargos governamentais são apenas os representantes que escolhemos, pessoas que julgamos aptas para governar (ou apenas escolhemos pelo número mais fácil de decorar, pois é o que parece que vem acontecendo ultimamente), portanto, as instituições do poder público devem servir e se reportar ao povo, não aos governantes, porque numa democracia quem manda é o povo e se é necessário que o povo se levante e lute pelos seus direitos, que combata o absurdo que esses "representantes" estão fazendo com os seus representados, não só por que é TODO O POVO que sofre e quer mudanças, mas por que ELES MESMOS SÃO PARTE DESSE POVO, eles mesmos deveriam ter essa noção não do direito, mas do DEVER cívico de protestar contra um governo que pratica tais absurdos. 



Nossa Brigada Militar hoje se colocou apenas como servidora dos governantes e de uma empresa, e não do seu povo, agiu contra seus irmãos e compatriotas. Me envergonha ver que pessoas que sofrem tanto quanto ou mais que o resto da população devido às más condições de trabalho e os salários ridículos, que podem escolher se puxam o gatilho ou não contra seu próprio povo, resolvem exatamente puxar o gatilho, se colocando do lado daqueles nos escravizam e oneram.

Atualização:

Apenas para constar, que fique claro que repudio totalmente os atos de vandalismo, a violência, a depredação de bens e espaços públicos e privados, mas principalmente a agressão gratuita, que foi demonstrada com maestria e excelência hoje pela BM.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Muito mais do que R$ 0,20... Milhares de reais de prejuízo aos cofres públicos e um prejuízo gigante à imagem da nobre causa que motiva as manifestações.

Os protestos são válidos como forma de expressar a vontade do povo e para lutar por nossos direitos, mas algumas pessoas se aproveitam desse momento sério para praticar crimes, destruindo patrimônio público (que pertence a todos nós, pelos quais pagaremos os consertos) e patrimônio privado (empresas e pessoas que nada tem a ver com a situação causadora da manifestação). Esses atos de vandalismo enfraquecem e tiram o foco da verdadeira questão que motiva a passeata, que motiva a manifestação, que leva as pessoas às ruas, esses atos denigrem a imagem do movimento e prejudicam a causa, resumem atos sérios e democráticos a vandalismo e depredação. 

Não acho que haja santos ou anjos de qualquer um dos lados dos confrontos, mas acho que tudo que está ocorrendo, se ocorresse de maneira pacífica, poderia contribuir muito mais com a causa, poderia render frutos muito mais proveitosos para o futuro da nossa nação. Ora, se a polícia se coloca criando um cordão de isolamento, eles estão defendendo a prefeitura ou as pessoas que estão lá dentro, se é um protesto pacífico, por que precisam se aproximar tanto da prefeitura? Se apenas respeitassem os isolamentos, poderiam continuar gritando palavras de ordem, teriam atenção da mídia de forma positiva e não haveria confrontos, o que causa o embate é que os mal intencionados não se contentam com os limites impostos pelas forças de segurança e resolvem ultrapassar estes limites, testar a paciência e a competência dos agentes de segurança. 

Não acredito que todos os policiais (claro que existe exceção) saiam de seus batalhões para uma situação dessas pensando em ferir, machucar, bater, atirar na população, porque ele pode ter amigos, parentes, colegas de outros círculos sociais ali envolvidos, mas quando eles tem uma ordem de manter a segurança de determinado local ou grupo, se os protestantes desafiam essa segurança, tentando furar um bloqueio, avançar sobre os policiais, vejo que a única opção que eles tem é revidar, conter, tentar trazer ordem para o caos, pois nesses ataques descabidos, são deixados milhares de reais em prejuízo aos cofres públicos, que nós mesmos trabalhamos quase 6 meses por ano para encher, e vamos ter de trabalhar mais para pagar pelos danos causados a cada ato de vandalismo. 

Eu apoio a causa, apoio os protestos, acho que é sensacional estar vivo pra presenciar esse levante popular pra demonstrar ao mundo nossa insatisfação para com este governo ladrão e sem-vergonha que nos impõe pesados tributos e não devolve serviços de qualidade compatível com nossos impostos, mas acho que pra tudo existe uma forma correta e outra(s) errada(s), e o vandalismo, a depredação, o quebra-quebra são sim, formas erradas de levar adiante uma causa tão nobre como esta, num momento tão único e importante da frágil democracia do nosso país. 

Agradeço àqueles que protestam pacificamente e digo que estes sim, me representam na luta contra a impunidade, contra a corrupção, contra o retrocesso que se avizinha com leis retrógradas, com preceitos medievais que as guiam. Lutemos contra os monstros, sem ferir ninguém, pois nossa maior arma é nosso voto, mostremos nossa indignação hoje, protestando e gritando, mas muito mais intensamente amanhã, nas próximas eleições!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A identidade nacional e o senso de civismo

Nosso país vive uma crise de identidade nacional, a comida que mais consumimos não é brasileira, os rostos que estampam as camisetas que vestimos não são dos heróis brasileiros, os passatempos que mais utilizamos não tiveram origem em nosso país, as coisas que compramos são mais produzidas fora do Brasil do que aqui dentro. O que há de errado com o nosso país ?

Qual criança, se indagada se gostaria de ser brasileira, responderia com um sim? Os videogames são americanos, os fast-foods também. Os brasileiros mais revolucionários usam camisetas do Che Guevara, os mais pops cantam Rihanna, as rádios mais ouvidas tocam Black Eyed Peas, U2, Bon Jovi, Maná, etc.

Poderíamos levantar diversas questões que levam a essa crise de identidade, mas o principal deles, talvez, resida na nossa própria história. Um país colonizado, escravizado, com seus nativos tendo sido convertidos ou mortos já não tem muita história própria pra contar, vendo-se ainda que todas as manifestações de libertação seja colonial, seja escravocrata, seja separatista (como no caso do RS, que tentou separar-se do Império), tem como plano de fundo motivações econômicas e interesses políticos, com uma história política de corrupção e bandidagem estilo faroeste, com uma impunidade quase inacreditável. Como se pode esperar patriotismo de alguém que conheça essa história?

Além disso, nosso país é um destino fácil para imigrantes de diversas nacionalidades, é mais fácil entrar no Brasil do que em uma casa abandonada com portões, portas e janelas escancaradas. A miscigenação cultural criada pela vinda de estrangeiros pra cá, criando verdadeiras colônias no meio de centros urbanos brasileiros, difunde e enaltece a história, a cultura e os costumes de outros países até para cidadãos brasileiros, enfraquecendo nos mesmos o orgulho patriótico brasileiro, percebendo a “beleza”, o “esclarecimento“ e a “superioridade” de outras culturas frente à nossa.

Não se pode negar a importante contribuição desses imigrantes na construção do Brasil que temos hoje, mas precisamos proteger nossa cultura, nossa história que já é tão surrada precisa ser re-escrita a partir de agora, precisamos nos orgulhar por sermos brasileiros e brasileiras, pois todos os erros cometidos até agora são do povo e não do país, esse pedaço de terra generoso e belo, de enorme potencial e grandes qualidades.

A opressão política e o descaso depositados sobre os carentes, que necessitam do estado, enfraquece o amor patriota dessa nação, que se sente abandonada pela própria pátria-mãe. O povo brasileiro se sente pisoteado e esmagado pelo próprio Brasil. Quem trabalhará, se esforçará e tentará construir algo em prol de alguém que lhe tortura, respeitando suas leis e seguindo o tortuoso caminho imposto pelos governantes com pesados tributos e dificuldades de ascensão social criadas pelos “iguais”? A classe média tem sua capacidade econômica encolhida pela carga tributária, dedicando quade metade do seu capital ao pagamento de impostos e tributos criados ao bel prazer dos que governam, a fim de aumentar a arrecadação e o seu próprio espólio.

Pior que pagar esses tributos, é perceber que muito pouco do que pagamos nos retorna como investimentos em saúde e segurança, educação, saneamento. O que mais impressiona é que os governantes esperam que a população siga trabalhando pra pagar esses tributos, sem que lhes sejam garantidas sequer as condições básicas. Nossos jovens são mortos por assaltantes por falta de segurança, nossos jovens viram assaltantes por falta de educação e condições de sobrevivência. Falta educação por que não se investe em escolas, preparo dos professores e remuneração justa pelo trabalho dos mesmos. Não há hospitais suficientes para que a população doente busque ajuda, ficando amontoados em macas e cadeiras nas salas de espera de emergências lotadas, adoecendo e morrendo sem que ninguém sequer perceba.

Somente quando o nosso próprio povo tomar consciência de que somos nós mesmos que construímos a história e os valores do nosso país, é que poderemos virar o jogo a nosso favor.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Dia dos namorados

Bem, já é quase dia dos namorados, aliás, este poderia ser apenas mais um, o meu 24º dia dos namorados e só isso, mas não, afinal este é o meu primeiro dia dos namorados namorando.

Pela primeira vez consigo entender a comemoração, a magia, a beleza desta data, a necessidade de se comemorar algo que por si só é uma comemoração da vida: o amor.

Pela primeira vez estou contaminado com o vírus do amor, totalmente sem defesas e sofrendo de cada sintoma inerente a esse invasor que se apodera do meu corpo, da minha alma e de cada parte de mim, mas que não me mata e sim me torna a cada dia mais vivo e feliz.

É difícil compreender como pude sobreviver a tantos anos sem essa sensação maravilhosa de amar e ser amado, compreender e ser compreendido e sem ter nos meus braços alguém que me faça sentir tão bem e completo, que me faça ver as cores da vida antes pálida e amarelada.

Talvez haja quem diga "tudo são flores porque está no começo", talvez seja verdade, talvez não, mas quero muito descobrir, passando mais muitos e muitos dias dos namorados com minha amada.

Gaby, obrigado pelo teu carinho, pelo teu amor, pela tua dedicação, por existir, por ser tão bela por dentro e por fora, por ser a pessoa maravilhosa que tu é e por fazer com que eu queira ser a cada dia uma pessoa melhor. TE AMO!

domingo, 1 de maio de 2011

A morte de Osama Bin Laden

Fofinhos, para quebrar o gelo, venho aqui escrever algumas linhas sobre a morte do terrorista Osama Bin Laden.

Acredito que os atos terroristas planejados e financiados pelo Bin Laden tenham sido a mais terrível parte da história recente de nossa sociedade, uma demonstração da suprema ignorância, intolerância, banalidade e violência que podem atingir e destruir nossa pretensa racionalidade, nos transformando em animais muito piores que os irracionais.

Um ser humano que planeja e executa atos que tragam como consequência a morte de outros seres humanos, e ainda é capaz de afirmar que o fez em nome de um deus, só pode ser alguém que tenha sido atingido por essa suprema ignorância, alguém que não entendeu a mensagem de seu deus e distorce as palavras das sagradas escrituras das mais diversas para ratificar seu impulso violento.

Hoje, após quase dez anos de intensa e ininterrupta busca, ele foi localizado e morto por uma tropa americana, em um esconderijo no Paquistão. Nessa noite, americanos se reuniram e comemoraram a morte do terrorista em frente à Casa Branca.

Apesar de toda crueldade e de todos os atos praticados por Bin Laden, a morte, na minha visão, jamais deveria ser comemorada, festejada, brindada, por pior que seja aquele que morreu. Comemorar a morte é tão desumano quanto planejá-la, por mais desespero que este homem tenha trazido para as pessoas, ainda é um ser humano. Não critico a caçada e o ato de matá-lo, mas a espetacularização e o festejo sobre seu cadáver, que demonstram que por mais dor que sintamos com atos desumanos, não aprendemos a ser humanos de verdade e não perdemos chances de demonstrar essa desumanidade que nos acompanha.

Provavelmente eu não seja compreendido diretamente, talvez o texto exija uma re-leitura para um completo entendimento, mas o que eu realmente quero dizer é que, por mais que ele merecesse, nós não devemos dançar sobre sua sepultura e sim, demonstrarmos que por termos sido testemunhas e vítimas de atos desumanos, queremos banir essa falta de humanidade de nossa sociedade, esquecendo, deixando-a de lado e, para tanto, não devemos reproduzir atos imbuídos deste valor (ou desvalor).

Como seres humanos, fomos todos testemunhas e também vítimas dos atentados planejados, financiados e incentivados por Bin Laden, e ainda como seres humanos, devemos ser capazes de pensar sobre sua morte não com alegria, mas sim com a preocupação de criarmos um futuro menos desumano, não apenas abolindo e condenando práticas que sejam permeadas por essa característica, mas principalmente dando ênfase à disseminação de um pensamento mais humano, inclusivo, tolerante, repleto de valores éticos e morais, capaz de tornar as pessoas mais preocupadas com o próximo, compreendendo suas diferenças e limitações, bem como sendo capazes de lidar com essas características e superá-las, abrindo caminho para uma sociedade que seja globalizada não só no âmbito comercial e mercantil, mas também no âmbito humano.